terça-feira, 24 de maio de 2011

1º Fichamento

Caracterização biológica e molecular de isolados do Citrus tristeza vírus com potencial para utilização em programas de pré-imunização.

COSTA, A. T.; NUNES, W. M. C.; CORAZZA, M. J.; ZANUTTO, C. A.; MÜLLER, G. W. Summa phytopathol. Vol,36 no.1 Botucatu jan./mar. 2010. Universidade Estadual de Maringá - NBA/UEM. 87020-900 Maringá, PR, Brasil.

“No Brasil, o programa de pré-imunização contra o Citrus tristeza virus (CTV), agente causal da tristeza do citros, foi responsável em conjunto com a adoção de outras medidas de controle pela recuperação dos pomares brasileiros.”
“No Paraná, estudos baseados no diagnóstico imunológico e análise SSCP (single strand conformational polymorphism), análise RFLP (restriction fragment length polymorphism) associada à sintomatologia, revelaram a ocorrência de isolados severos de CTV (isolado Rolândia) em pomares de laranja Pêra da região Norte do Estado. Assim, um programa de pré-imunização foi instalado visando à obtenção de plantas matrizes de laranja Pêra pré-imunizadas com isolados fracos do vírus, uma vez que é arriscado para a citricultura paranaense continuar baseando-se em clones oriundo de outros Estados.”
“O presente estudo teve como objetivo caracterizar biológica e molecularmente os isolados de CTV, obtidos de árvores em pomares das regiões Norte e Noroeste do Estado, estabelecendo comparações com isolados reconhecidamente fracos e severos do vírus. Para isso vinte plantas de laranja Pêra [Citrus sinensis (L.) Osbeck], enxertadas sobre limão Cravo (C. limonia Osb.) aparentemente sem sintomas de tristeza foram selecionadas.”
“Para a indexação biológica foi utilizado como indicadora limão Galego [C. aurantiifolia]. Durante essa avaliação foram observados os sintomas de palidez, suberificação das nervuras, enrolamento das folhas, canelura e crescimento da indicadora. A severidade do CTV e o crescimento das plantas indicadoras foram caracterizadas.”
“Diante desses resultados podemos concluir que as plantas selecionadas estão infectadas por haplótipos fracos de CTV apontando potencialidade para serem utilizadas como plantas matrizes. Essa potencialidade será confirmada em uma próxima etapa através de testes de avaliação do desempenho dessas plantas a campo, acompanhada de novas análises moleculares para a verificação da estabilidade do complexo viral.”

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Normal é ser diferente




A síndrome de Down ainda não tem cura, mas pesquisas recentes apontam a possibilidade de melhoras cognitivas a partir do uso de medicamento aprovado para tratamento de Alzheimer. O biólogo Stevens Rehen aborda em sua coluna os resultados e possíveis impactos desses estudos.
A síndrome de Down ocorre quando o indivíduo possui no núcleo de suas células três cópias do cromossomo 21 em vez de duas. É a condição cromossômica natural mais recorrente na espécie humana, com prevalência de 1 em cada 691 nascimentos. No Brasil, há pelo menos 300 mil pessoas com síndrome de Down.
Portadores dessa síndrome são acometidos com maior frequência por algumas patologias, tais como leucemia, cardiopatia congênita, hipotireoidismo, problemas respiratórios e de audição. Muitas dessas situações são tratáveis, de modo que a maioria dos portadores leva vidas saudáveis, entretanto, o maior desafio à socialização está na deficiência intelectual, incluindo dificuldades de aprendizagem.
Apesar dos benefícios do estímulo motor e cognitivo introduzido cedo na vida das crianças, até muito recentemente acreditava-se que os principais déficits intelectuais associados à trissomia do cromossomo 21 seriam intratáveis. No entanto, novos artigos científicos indicam a possibilidade de melhora significativa no processo de aprendizado e memória a partir da utilização de um fármaco já aprovado para o tratamento da doença de Alzheimer.
Cabe fazer aqui uma pequena digressão. A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, cujos primeiros sintomas são a perda de memória e da capacidade de atenção que culminam em déficit cognitivo.
Há concordâncias fenotípicas impressionantes entre pessoas com síndrome de Down e pacientes com Alzheimer, consequência do acúmulo cerebral de uma proteína – mais especificamente de oligômeros do peptídeo beta-amiloide – resultante do desequilíbrio na produção da proteína precursora de amiloide, cujo gene se localiza justamente no cromossomo 21.
Praticamente todas as pessoas com síndrome de Down irão apresentar ao longo da vida as perdas cognitivas características da doença de Alzheimer. A diferença é que os sintomas surgem mais precocemente nos indivíduos com Down.
Embora os medicamentos atuais não sejam capazes de impedir o avanço ou curar a doença de Alzheimer, podem ajudar a reduzir a perda de memória. A memantina é um desses medicamentos. Trata-se de um antagonista de um dos receptores de glutamato, o principal neurotransmissor do sistema nervoso.
Ensaios clínicos demonstraram que 28 semanas de tratamento com memantina são suficientes para reduzir a demência leve ou moderada e a inflamação cerebral em pacientes com Alzheimer. 

Quando crescer, vou ser Dentista! *---*

Você é daqueles que morrem de medo quando se aproxima a data de visitar o dentista? Pois saiba que não há razão para ficar assustado. Ir ao dentista é fundamental para manter um belo sorriso, os dentes saudáveis, além de ser uma oportunidade para corrigir problemas na forma de morder, que podem refletir em outras partes do corpo, e até de evitar distúrbios do sono. O incômodo de abrir a boca para o dentista então vale a pena, você não acha? Não! Como assim? Tudo bem. Então, para ver se você muda de idéia, que tal conhecer um pouco mais sobre essa profissão?

O dentista é o profissional da área da saúde que trata e previne doenças em nossa boca – a cárie é a principal delas – e também em outras estruturas associadas a ela, como o pescoço e os ossos que nos ajudam a mastigar. Para ser dentista, é preciso fazer faculdade de odontologia, palavra que significa estudo dos dentes. Depois, o profissional pode aprimorar seus conhecimentos em cursos de especialização, como o de implantodontia (colocação de próteses dentárias), ortodontia (colocação de aparelhos) e outros.

Para Nilton Miranda de Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), é preciso ter persistência e ser estudioso para se tornar um bom profissional. “Outro ponto importante é o senso estético, pois, quando você é um dentista, você trabalha com o rosto de uma pessoa. Logo, é preciso estar atento a cores, formas e proporções”, explica Nilton.

Você sabia que há relatos da existência do ofício de dentista em civilizações com mais de seis mil anos? É verdade! Mas por muito e muito tempo as pessoas só recorriam àqueles que davam um jeito nos dentes quando estavam sentindo muita dor. Com o passar dos séculos, a odontologia se aprimorou e se tornou uma especialidade médica, cujo trabalho não se resume a tratar doenças da boca e de outras partes do corpo a ela relacionadas; inclui, também, a prevenção.

Os avanços da ciência e o surgimento de novas técnicas possibilitaram reduzir os incômodos do paciente que se sentava aterrorizado na cadeira do dentista. A anestesia foi o primeiro deles, seguida por diversos outros. Até que hoje, com o laser, o incômodo é quase nenhum.

Escovar bem os dentes após as refeições é uma medida de higiene que pode colaborar muito para que a sua visita ao dentista seja apenas parte da rotina. Mas há outras ações também muito importantes para apresentar uma boca bonita e sadia. “É fundamental ter uma alimentação saudável e não exagerar ao comer doces, balas e outros alimentos e bebidas com açúcar”, diz Nilton de Carvalho. Ele destaca, ainda, o consumo de cigarro e álcool, que, além de não fazer bem à saúde, é prejudicial aos dentes e a toda a área da boca.

A cirurgiã-dentista Juliana Villalba explica que o modo como mastigamos e engolimos os alimentos, respiramos e dormimos também pode influenciar nossa higiene bucal. Quando não mastigamos bem os alimentos e não os engolimos bem, o processo de digestão – que pode ser entendido como a “quebra” dos alimentos para que possamos absorver os nutrientes – não funciona direito, porque são os dentes que ajudam a triturar os alimentos. “A maneira como respiramos também é importante. Devemos sempre tentar respirar pelo nariz, pois quando respiramos pela boca pode haver deformação do posicionamento dos dentes”, conta Juliana.

Saber um pouquinho mais sobre a profissão de dentista pode até ter despertado em você o desejo de estudar odontologia, mas será que tirou o medo de abrir a boca para um especialista?

Nossa herança europeia

   Estudo feito no Brasil mostra que vem da Europa a maior contribuição genética para a formação do povo brasileiro. A surpresa foi encontrar esse resultado também no Norte e Nordeste do país, onde o número de pardos e negros supera o de brancos. 
   A cor da pele já não é um bom indicativo da ascendência dos brasileiros. Um estudo publicado esta semana na revista PLoS One reforça que o segredo para identificar nossos ancestrais está nos genes. E surpreende ao provar que, de Norte a Sul do Brasil, é dos europeus o maior índice de contribuição genética – pelo menos 60% – para a formação do nosso povo.
Já era de se esperar que a ancestralidade europeia predominasse sobre a africana e a indígena nas regiões Sul e Sudeste do país. O inesperado foi encontrar o mesmo resultado, ainda que com pequenas variações proporcionais, no Norte e no Nordeste, onde o número de pardos e negros sempre superou o de brancos.
Para chegar a essas conclusões, pesquisadores de instituições brasileiras analisaram 40 trechos especiais do DNA, conhecidos como indels, de 934 pessoas, nas quatro regiões mais populosas do país. Os lugares escolhidos para representar cada região foram: Belém (PA), pela região Norte; Ilhéus (BA), pelo Nordeste; Rio de Janeiro (RJ), pelo Sudeste; e Porto Alegre (RS), pela região Sul.
   “Usamos o genótipo e um programa de computador (Structure) para estimar os componentes de ancestralidade europeia, africana e indígena dos indivíduos nas quatro regiões geográficas avaliadas”, destacam os autores no artigo.
Com esses recursos, o coordenador do estudo, o geneticista Sergio Danilo Pena, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ex-colunista da CH On-line, e mais 19 pesquisadores observaram que o maior índice de contribuição europeia está no Sul, onde atingiu 77,7%. No Nordeste está o menor, mas ainda assim significativo: 60,6%.
   Os números permitem concluir que a ancestralidade não se reflete necessariamente no aspecto físico, como a cor da pele ou o tipo de cabelo. O caso da Bahia, estado escolhido como amostra do Nordeste, serve como exemplo pontual dessa observação: enquanto lá o número de pardos passa de 62% e o de brancos não chega a 21% (segundo o censo de 2008), a contribuição genética dos europeus é maior que 60%.
    Vale destacar que a incompatibilidade entre os aspectos físicos e a origem dos ancestrais de uma população tende a se acentuar à medida que a miscigenação aumenta, como acontece no Brasil. Essa característica tem feito do nosso país um importante modelo para estudos de genética de populações e da relação entre a variabilidade genética de indivíduos de populações miscigenadas e sua reação a drogas específicas.

Site Ciências Hoje - Publicado em 24/02/2011 | Atualizado em 18/03/2011